Acossado pelo aumento de preços dos alimentos nos últimos meses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu nesta quinta-feira, 6, para que os consumidores deixem de comprar produtos que estejam muito caros. Segundo ele, isso funcionaria como uma forma de pressão para reduzir os preços e ajudar a controlar a inflação.
“Uma das coisas mais importantes para a gente poder controlar o preço é o próprio povo. Se você vai ao supermercado e desconfia que tal produto está caro, você não compra”, afirmou Lula, em entrevista às rádios Metrópole e Sociedade, da Bahia. “Se todo mundo tiver consciência e não comprar aquilo que acha que está caro, quem está vendendo vai ter de baixar para vender, porque, senão, vai estragar.”
A alta de preços dos alimentos já pesa na popularidade de Lula, segundo pesquisa divulgada pela Quaest na semana passada. Oito em cada dez entrevistados disseram ter percebido aumentos de valores no último mês.
Lula disse ainda estar “trabalhando com muito afinco para solucionar o preço dos alimentos” e adiantou que na próxima semana terá reunião com produtores de carne e de arroz para discutir o assunto. “Comida barata na mesa do trabalhador é algo que estamos perseguindo.”
Como o Estadão noticiou, emissários do presidente já têm questionado representantes de setores produtores de óleo de soja e milho sobre aumentos de preços registrados desde 2024. No fim de janeiro, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, chegou a dizer que o governo avaliaria a redução de tarifas de importação de alguns alimentos para tentar frear as remarcações de preços no País – proposta recebida com ceticismo por especialistas.
Um levantamento da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) indica que os brasileiros de menor renda estão pagando a maior parte da conta da disparada da inflação de alimentos. O custo de vida das famílias das classes E e D, com renda de até três salários mínimos (R$ 4.554), subiu 5,14% no ano passado na Região Metropolitana de São Paulo, superando a média da inflação dos paulistanos como um todo no período, que foi de 4,97%.
Na avaliação de economistas, esse quadro poderia mudar com a entrada da safra recorde de grãos neste ano e com a queda recente do dólar, depois da disparada registrada no ano passado – quando a moeda americana chegou ao patamar de R$ 6,30.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Candido Lourençon.