O Brasil não registra casos de sarampo há dois anos, e o Paraná se mantém livre da doença desde 2021, consolidando um marco importante na saúde pública. Este período sem registros locais do vírus aproxima o Brasil de recuperar a certificação de “país livre de sarampo”, conquistada em 2016 e temporariamente perdida em 2018 devido a fatores como o intenso fluxo migratório de países vizinhos e a queda nas taxas de vacinação em várias regiões.
Em 2022, o Brasil reportou apenas 41 casos de sarampo, uma queda drástica em relação aos 20.901 casos registrados em 2019. O último caso confirmado ocorreu no Amapá, em 5 de junho de 2022. No início de maio deste ano, o Brasil recebeu a visita da Comissão Regional de Monitoramento e Reverificação da Eliminação do Sarampo, Rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita na Região das Américas, juntamente com o Secretariado da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). A missão teve como objetivo dar continuidade ao processo de recertificação do Brasil como livre da circulação de sarampo e assegurar a eliminação sustentada da rubéola e da síndrome da rubéola congênita (SRC).
Apesar do sucesso local, a situação global exige vigilância constante. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou como “alarmante” o aumento dos casos de sarampo na Europa. Em 2023, mais de 58 mil infecções pelo vírus foram registradas em 41 países, um aumento significativo em relação aos últimos três anos.
“Para que o Brasil continue sem casos de sarampo, é crucial alcançar coberturas vacinais de, no mínimo, 95% de forma homogênea, protegendo nossa população contra a possibilidade de casos importados e reduzindo o risco de reintrodução da doença. Além disso, garante a segurança até mesmo das pessoas que não podem se vacinar”, explica Eder Gatti, diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Gatti destaca a importância da continuidade da estratégia de microplanejamento, que em 2023 repassou R$ 151 milhões para estados e municípios. Este método, recomendado pela OMS, envolve atividades focadas na realidade local e na ampliação do acesso à vacinação durante todo o ano.
A vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, é uma das principais armas na luta contra essas doenças. O esquema vacinal recomendado inclui duas doses para pessoas de 12 meses a 29 anos, e uma dose para adultos de 30 a 59 anos.
A cobertura da primeira dose aumentou de 80,7% em 2022 para 87% em 2023. Esses dados ainda são preliminares e podem subir, já que alguns estados demoram a atualizar suas bases de dados na rede nacional.
A continuidade das campanhas de vacinação e a manutenção de altas taxas de cobertura vacinal são essenciais para manter o Brasil no caminho de eliminar definitivamente o sarampo e outras doenças preveníveis.