Em maio custo do conjunto de alimentos essenciais no Vale do Ivaí, denominado de Cesta Básica, subiu 6,23% em relação a abril, fechando em R$ 740,07, acumulando no ano uma alta de 7,08%. Em relação ao mesmo período do ano passado a alta foi de 5,35%%, quando seu custo estava em R$ 601,12. Essa pesquisa foi realizada pela equipe econômica da Rádio Jandaia, tendo Jéssica Correia como pesquisadora responsável.
Não se deve confundir cesta básica com inflação. A primeira, é composta por 13 produtos alimentícios em quantidades suficientes para garantir, durante um mês, o sustento e bem-estar de um trabalhador em idade adulta, e que foram definidos pelo Decreto 399 de 30 de abril de 1938, que continua em vigor. Já a inflação é muito mais abrangente, pois inclui todas as despesas com produtos e serviços que uma família consome durante um mês, incluindo os gastos com alimentação e bebidas, habitação, educação, vestuário, despesas pessoais, saúde e cuidados pessoais, transportes, comunicações e artigos de residência.
Em nível nacional, o custo médio da cesta básica em maio aumentou em 11 das 17 capitais brasileiras analisadas na Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, divulgada nesta 5ª feira (6.jun.2024) pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
A maior alta na comparação com abril se deu em Porto Alegre, atingida pelas chuvas em maio, com aumento de 3,33% no custo médio da cesta básica. Em seguida aparecem Florianópolis (2,50%), Campo Grande (2,15%) e Curitiba (2,04%). Já as principais quedas foram registradas em Belo Horizonte (-2,71%) e Salvador (-2,67%).
A capital paulista continua apresentando a cesta mais cara do país. Em maio, o conjunto dos alimentos básicos em São Paulo custava, em média, R$ 826,85. Em Porto Alegre, o preço médio girava em torno de R$ 801,45, pouco acima da cesta de Florianópolis (R$ 801,03).
Nas cidades do Norte e do Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 579,55), Recife (R$ 618,47) e João Pessoa (R$ 620,67).
Dos 13 produtos pesquisados no Vale do Ivaí em maio, e que compõe a cesta básica, 06 subiram preços, 03 tiverem queda e outros 04 não sofreram alterações.
Tiveram altas em seus preços:
Batatinha (+) 33,38%
Feijão carioca (+) 32,86%
Leite (+) 27,33%
Tomate (+) 22,25%
Arroz agulhinha (+) 6,25%
Carne bovina (+) 0,85%
Tiveram quedas de preços:
Banana nanica (-) 16,69%
Açúcar refinado (-) 7,56%
Café em pó (-) 6,26%
Não tiveram alterações em seus preços o a farinha de trigo, o pão francês, o óleo de soja e a manteiga.
Horas de trabalho para adquirir a Cesta Básica no Vale do Ivaí
Conhecido o valor da cesta, é possível efetuar o cálculo das horas que o trabalhador, que ganha salário mínimo, precisa trabalhar para a sua aquisição. Para isso, divide-se o salário mínimo vigente pela jornada de trabalho adotada na Constituição (220 hs/mês, desde outubro de 1 988).
Assim, o trabalhador do Vale do Ivaí que ganhou um salário mínimo (R$ 1.412,00), precisou trabalhar 115,31 horas por mês, apenas para adquirir os produtos da cesta básica, consumindo o equivalente a 56,66% de sua renda líquida.
Salário Mínimo Necessário
A constituição, promulgada em 5 de outubro de 1988, define o salário mínimo como aquele fixado em lei, capaz de atender às necessidades vitais básicas do trabalhador e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,… (Constituição Federativa do Brasil, art. 7″ – IV).
Para calcular o salário mínimo necessário, considerando o preceito constitucional, e levando-se em conta a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) realizada pelo Dieese, a alimentação representa 35,71% das despesas das famílias. A família considerada para o cálculo é composta por 2 adultos e 2 crianças, que por hipótese, consomem como 1 adulto.
Aplicando-se essa metodologia com base no custo da cesta básica no Vale do Ivaí (R$ 740,07), o valor do salário mínimo necessário para que um trabalhador pudesse sustentar sua família deveria ser de R$ 6.217,33, muito distante da realidade e uma utopia para os nossos dias atuais. O valor é 4,4 vezes o salário em vigor. Essa mesma família gastaria R$ 2.220,21 somente com as despesas com alimentação.