Produtores dos 15 municípios atendidos pelo Núcleo Regional de Ivaiporã da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab) devem reduzir ainda mais a área destinada ao cultivo de trigo em 2025. A mudança é motivada, principalmente, pela aposta crescente no milho safrinha, que vem oferecendo maior retorno econômico.
De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), a área plantada com trigo caiu de 68 mil hectares em 2023 para 60 mil hectares em 2024. Para a próxima safra, a previsão é de nova redução, com estimativa de apenas 50 mil hectares cultivados.
Milho tem compensado mais, mesmo com preço menor
Segundo o engenheiro agrônomo Randolfo Oliveira, do Deral, os produtores da região têm priorizado o milho safrinha e deixado o trigo apenas para áreas excedentes. “Mesmo com o preço do milho — R$ 60 a saca — inferior ao do trigo, que está a R$ 80, o milho apresenta produtividade superior e menor risco”, explica.
A frustração com o trigo aumentou após safras recentes com baixa produtividade. Em 2023, por exemplo, muitos produtores colheram apenas 40 sacas por alqueire, o que não cobre os custos de produção. A média ideal para a cultura do trigo na região, em condições climáticas favoráveis, é de 140 sacas por alqueire.
Trigo perde espaço também na região de Pitanga
A mesma tendência foi observada no Núcleo Regional de Pitanga. Em Nova Tebas, o produtor Cláudio Vujanski e o irmão plantaram 40 alqueires de milho nesta safra e reservaram 30 alqueires para o trigo e 80 para aveia. Segundo Cláudio, o plantio do trigo só foi mantido porque possuíam semente própria. “Se for comprar, não compensa”, afirmou.
O investimento na adubação também será mais contido. “O ideal seria investir mais, mas com os preços atuais, o produtor acaba plantando só para cobrir o solo”, explicou. Ele destaca ainda que o trigo está sendo usado mais como cultura de rotação, contribuindo para a melhoria do solo e quebra do ciclo de pragas antes do plantio da soja — principal cultura da região.
Mercado do milho é mais dinâmico
Outro fator decisivo é a liquidez do milho. “Mesmo com variações no preço, o milho tem mercado. Já o trigo enfrenta dificuldades de comercialização e altos estoques”, destaca Randolfo. Em 2023, mesmo com estiagem, alguns produtores colheram até 200 sacas por alqueire de milho, reforçando a atratividade da cultura.
A tendência é que o trigo continue perdendo espaço, sendo cultivado mais como apoio agronômico do que como aposta comercial.