O BC (Banco Central) divulgou nesta terça-feira (4) a ata com as razões para a segunda elevação consecutiva de 1 ponto percentual da taxa básica de juros, de 12,25% ao ano para 13,25% ao ano.
No documento, os diretores do Copom (Comitê de Política Monetária) mantêm a previsão de aumento da taxa Selic para 14,25% em março. Sem antever o fim do ciclo de aperto monetário, a ata destaca o “firme compromisso” em conter a inflação e vê um novo estouro do limite da meta em junho.
A nova elevação de 1 ponto percentual foi antecipada pela ata do Copom. A decisão considera a “continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação” para a meta, fixada em 3% para este ano, com margens de tolerância de 1,5 ponto percentual (de 1,5% a 4,5%).
Próximas definições da taxa Selic permanecem incertas. O Copom não antevê o fim dos ajustes após a reunião de março e destaca a importância de avaliar o ritmo da inflação para as futuras decisões. Serão considerados os “componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.
Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta.Ata da 268ª reunião do Copom
Cenário inflacionário permanece “desafiador”, diz Copom. A ata cita o recente aumento do preço dos alimentos, principalmente das carnes, como um dos motivos para a adversidade da inflação no curto prazo. “Esse aumento tende a se propagar para o médio prazo em virtude da presença de importantes mecanismos inerciais da economia brasileira”, afirma o documento.
Inflação de serviços permanece acima do nível esperado. Os diretores da autoridade monetária avaliam que os preços relacionados ao setor que representa 70% da economia nacional aceleraram nas observações mais recentes e seguem acima do nível compatível com o cumprimento da meta.
Projeções para inflação aumentam em diferentes análises. A autoridade monetária diz que diferentes instrumentos e grupos de analistas apontam para a elevação significativa dos preços em todos os prazos, tornando o cenário “mais adverso”. “A desancoragem das expectativas de inflação é um fator de desconforto comum a todos os membros do Comitê e deve ser combatida. Foi ressaltado que ambientes com expectativas desancoradas aumentam o custo de desinflação em termos de atividade ”
Copom estima que o teto da meta será furado em junho. Com a alteração dos regimes de metas a partir deste ano, o BC antevê que terá a necessidade de se justificar sobre o estouro do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) no meio deste ano, quando a inflação acumulada em 12 meses permanecerá acima de 4,5% por seis meses consecutivos.