Na estreia de Gabriel Galípolo na liderança do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central decidiu elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, de 12,25% para 13,25% ao ano, nesta quarta-feira. A decisão foi unânime, ou seja, os 9 diretores votaram nesse sentido.
O BC ainda repetiu a sinalização de que deve aumentar a taxa em mais 1 ponto percentual na próxima reunião, em março, quando a Selic chegaria a 14,25%, retomando o mesmo nível registrado durante o governo de Dilma Rousseff (2015-2016).
A projeção é de novos aumentos nos próximos meses, com taxa superando 15% ao ano em meados de 2025, maior nível em quase 20 anos.
Com a decisão, a Selic retoma o mesmo patamar de agosto de 2023. Esse é o quarto aumento consecutivo dos juros básicos nesse ciclo de aperto, que foi iniciado em setembro do ano passado. No acumulado, a taxa já subiu 2,75 pontos percentuais.
Além da previsão de alta no próximo encontro, o comitê reforçou que a “magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”. Na prática, o comunicado deixa em aberto se haverá novos ajustes a partir da reunião de maio, embora a expectativa do mercado financeiro seja de que o ciclo continue em meio à desancoragem das expectativas de inflação.
“Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião. Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, diz trecho do comunicado do BC.
O aumento desta quarta-feira foi definido com unanimidade por todos os nove membros do comitê, que agora conta com sete indicados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um crítico frequente dos juros elevados.
Como os juros afetam o dia a dia do brasileiro?
O principal efeito dos juros na vida do consumidor ocorre no crédito. Primeiro, porque os bancos acompanham a alta da Selic e repassam esse custo aos consumidores, encarecendo empréstimos e financiamentos.
Em segundo lugar, há um menor volume de crédito disponível no mercado. Com as incertezas e sinais de desaceleração da atividade econômica, além da alta das expectativas de inflação, os bancos ficam menos propensos a emprestar.
Esse cenário também afeta aqueles que já têm créditos contratados com juros pós-fixados, o que pode diminuir a capacidade de pagamento e aumentar a inadimplência.
Por fim, a alta dos juros também impacta o poder de compra das famílias, que, com menos recursos disponíveis, limitam seus gastos às contas básicas da casa e postergam a compra de bens.
Por Candido Lourençon.